De uma forma didática, podemos dizer que a imagem que você propaga, nada mais é do que a aplicação específica de diversas técnicas de condicionamento mental desenvolvidas a partir das experiências de Ivan Pavlov sobre os reflexos condicionados.
Segundo a teoria dos reflexos, de Pavlov, o “aprender” constitui-se no encontro muito rápido de um estímulo condicionado - um som, um sinal de luz etc., com um estímulo não condicionado - alimentação, por exemplo, e que desencadeia uma reação imediata. Esta teoria, que segundo W. Correll explica um dos três processos pelos quais o homem consegue aprender (os outros dois são a “teoria do efeito”, de Thorndike/Tolman/Hull e Skinner, e a “teoria da forma”, permitiu mais recentemente o surgimento de algumas técnicas conhecidas por “técnicas de condicionamento mental”. E são justamente estas técnicas que foram adaptadas para a sistematização daquilo que hoje chamamos de marketing pessoal.
Objetivamente, todos nós somos condicionados, desde a infância, a reagirmos desta ou daquela forma, dependendo do estímulo, e segundo determinados conceitos. Este condicionamento, no entanto, só é possível porque somos estimulados insistentemente. Veja: a mãe “insiste” com o filho para que ele sempre se levante e cumprimente as pessoas que chegam para uma visita, e pune se ele assim não fizer. Com o passar do tempo e para não ser punido este procedimento fica condicionado e, durante toda a vida, com certeza a pessoa cumprirá tal formalidade.
Este mesmo princípio pode ser usado pelos líderes na obtenção de resultados de seus funcionários, lógico que não com princípio de educação, mas reconhecimentos dos méritos alcançados.
Partindo do mesmo princípio, e sem muitos mistérios, podemos condicionar as pessoas a reagirem da forma como pretendemos que reajam. Basta seguir o mesmo roteiro e insistir neles o tempo que for necessário. Ou, se assim preferir, aproveitar os reflexos já condicionados na pessoa e entrar, tão-somente, com o estímulo não condicionado.
Você, com certeza, já viu uma criança pequena tomando vacina, não é mesmo? Quando ela é levada, pela primeira vez, para tomar injeção, não teme nem chora quando vê a seringa. Porém, aquelas que já experimentaram o sofrimento de uma agulhada, choram muito tão logo veem a temível seringa. Muitos funcionários têm este mesmo sentimento quando suas metas não são alcançadas.
Todas as pessoas têm, basicamente, as mesmas reações diante das mais diversas situações. E as têm por puro condicionamento. Desta forma, se você quer sua imagem interpretada de uma forma específica, o que deve fazer é, simplesmente, “tocar a campainha” e esperar que o outro “salive”. Ou seja, veja como elas reagem e a quê reagem, e proceda de acordo com as evidências.
A INTELIGÊNCIA RELATIVA: O GRANDE DIFERENCIAL
Inteligência é capacidade de processar as informações, tirar conclusões e formular conceitos, e esta capacidade todas as pessoas têm e podem desenvolver continuadamente. Nós, seres humanos - independentemente de raça, cor da pele, sexo etc. - somos naturalmente inteligentes, todavia, essa “quantidade” de inteligência só é possível ser avaliada comparativamente. Os próprios testes de QI, desenvolvidos no início do século XX pelo Dr. Alfred Binet, visavam posicionar as pessoas “comparativamente” numa tabela preestabelecida, ou seja, os resultados desses testes apenas estabeleciam (como ainda estabelecem) uma “quantificação” que permite comparações com padrões admitidos como universais.
Assim, o conceito de “mais” ou “menos” inteligente é sempre relativo a outro indivíduo. É exatamente por isso que algumas pessoas são consideradas “muito inteligentes” num determinado universo e só “razoavelmente inteligentes” em outro. Quando você estabelece, para si mesmo, que é “muito inteligente”, é porque considera que as demais pessoas do seu universo não evidenciam possuir “quantidade intelectual” compatível com a sua, ou porque você está, simplesmente, superestimando seu potencial a partir da sua realidade imediata.
O psicólogo americano Howard Gardner, autor do best seller Frames Of Mind, posicionou-se contrariamente aos métodos de aferição quantitativa da inteligência do Dr. Binet, defendendo a teoria de que cada indivíduo possui sete centros distintos de inteligência ao invés de um só, e que desta forma, nenhuma quantificação seria capaz de traduzir todo o potencial de uma pessoa. Além do mais é preciso considerar que o emocional interfere diretamente na quantidade e na qualidade da inteligência.
Logo, admitir-se inteligente, é posicionar-se de acordo com os modernos conceitos científicos sobre inteligência, enquanto admitir-se menos ou mais inteligente do que o outro é contrariar a lógica da própria inteligência e, por isso mesmo, expor-se negativamente, trazendo prejuízo para a sua imagem. Toda e qualquer consideração a respeito de inteligência deve considerar estes aspectos.
Só para efeito de ilustração, cabe lembrar que Howard Gardner considerou a habilidade para trabalhar com o próprio corpo como um tipo de inteligência - a inteligência tátil/cinestésica. Também considerou a habilidade para trabalhar com sons e ritmos como inteligência - inteligência musical. Só por este exemplo vemos o quanto é difícil - se não impossível - comparar inteligências diferentes. Exemplo: Garrincha e Chopin: Qual dos dois foi mais inteligente?
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