Um dos treinamentos mais requisitados nas empresas e preferidos pelos teóricos da moderna gestão empresarial é o que trata da liderança. Embora hoje já se tenha um consenso firmado sobre inúmeros aspectos desse fenômeno, muita coisa ainda depende dos mistérios que a psicologia e a neurociência vêm, progressivamente, descerrando. A questão central — e mais polêmica da discussão — é se a capacidade de liderança é uma condição nata ou se pode ser aprendida. Se seria determinada por um gene específico ou seria resultado de um aprendizado dirigido para esse fim. Uma das opiniões mais interessantes a respeito é a Dr. Kazuo Inamori, fundador da primeira empresa privada de telecomunicações do Japão, a DDI Corporation, e que por duas vezes recebeu o título de administrador mais eficiente daquele país. Pelo seu currículo e pela sua história de liderança, é uma opinião que merece atenção e muita reflexão.
No seu livro Paixão pelo sucesso, diz ele: “Frequentemente ponderei sobre a mesma pergunta. Penso que a resposta são ambos. Assim como os atletas natos, músicos, artistas, há pessoas nascidas com vocação natural para liderança e carisma. Todavia, também creio que quase todas as pessoas podem treinar a si mesmas para serem boas, se não excepcionais, bons líderes.
Mais importante que a habilidade são os esforços que os líderes fazem e as verdades e os princípios fundamentais nos quais baseiam sua liderança. O caso mais trágico é um líder competente com um modo negativo de pensar, que desvia seu grupo do caminho ou o leva à autodestruição.
Em outro capítulo, e sobre o mesmo tema, Dr. Kazuo Inamori diz que é preciso liderar com coragem. “A verdadeira força nada tem a ver com riqueza, fama ou força física. É uma questão de ter coragem de fazer o que é certo. Os colaboradores são muito sensíveis a qualquer sinal de fraqueza de seus gerentes. Os líderes que agem com parcialidade ou covardia não conseguem criar um sentimento de confiança que alcance toda sua força de trabalho”.
Liderança é uma qualidade emergente e que se sustenta ou se alicerça, fundamentalmente, na coragem, ou seja, nada que possa ser aprendido nos bancos escolares, mas sim desenvolvido sobre uma estrutura sólida de caráter.
Fazendo uma breve retrospectiva na história universal, buscamos relacionar uma dezena de líderes inquestionáveis que a humanidade conheceu e procuramos estabelecer uma relação entre eles. O fenômeno liderança seria mesmo uma qualidade que emerge da coragem?
Relacionamos algumas personalidades:
Gandhi – Martin Luther King – Cristo – Bolivar – Napoleão – Hitler
Mussolini – Churchill – Lenin – Lincoln
Todos, indiscutivelmente, foram líderes que exerceram grande poder de influência sobre seus liderados. Cremos que ninguém discute esta primeira afirmação, não é mesmo? Tentamos, em seguida, encontrar pontos em comum entre eles e que pudessem nos indicar uma condição sine qua non. Assim fizemos também questão comparar seus universos pessoais e os tempos sócio-políticos em que viveram, e identifiquei algumas conclusões de caráter genérico:
Não havia nenhuma relação que evidenciasse “superioridade” antropológica ou de biotipos: Gandhi era magro e baixo, Lincoln alto e forte; Luther King era negro, Churchill branco; Lenin, de origem cáucasa, Mussolini latino, etc.
Os tempos em que emergiram suas lideranças foram de crise, política, social, religiosa e/ou econômica;
Não há registros de que na infância ou juventude algum deles tenha “exercitado” a prática da liderança ou exercido “funções preparatórias”. Lincoln foi lenhador, Luther King, um modesto estudante de teologia, Gandhi parecia predestinado a uma vida modesta como advogado de província, etc. Não há indício que algum deles tivesse manifestado precocemente qualquer talento extraordinário.
De comum, entretanto, temos o seguinte:
Todos abraçaram uma causa segundo suas convicções e não abriram mão dela até o fim de seus dias;
Todos tiveram coragem de se insurgir contra uma situação que julgavam injusta e condenável;
Todos foram amados e odiados em proporções que chegavam fugir do controle pessoal de cada um deles;
Todos tinham grande poder de persuasão.
Indiscutivelmente todos tiveram coragem consistente de seguir em frente com suas convicções e propósitos.
DEFINIÇÃO CONCEITUAL
Coragem deriva do francês corages. Seu significado é amplo e bem abrangente está associado com bravura, postura firme diante de riscos ou do perigo; valentia, destemor. A relação também com força espiritual para ultrapassar uma circunstância difícil; confiança. Capacidade de enfrentar algo moralmente árduo; perseverança. Característica da pessoa bom caráter; hombridade. Cuidado e perseverança no desenvolvimento de algo; determinação.
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